A tarde já se despedia quando ela tomou a decisão de procurá-lo. "Preciso vê-lo", disse ela, num misto de euforia, receio e desejo. Depois de tanto pensar e relutar contra o que queria, deixou que o desejo fosse mais forte, deixou que a emoção falasse mais alto.
Não que ela não fosse dotada de razão. Pelo contrário, sabia o que estava fazendo e tinha a certeza de que não se arrependeria. Ao tomar a decisão de encontrar seu amado, sabia que estava no tempo certo, na hora certa para o encontro. Preparou-se para realizar o feito que tanto esperava, escolheu o melhor vestido, banhou-se demoradamente, cuidando de todos os detalhes para que tudo ficasse certo. "Ah, esse perfume é perfeito, infalível para essas ocasiões" - pensa alto, olhando no espelho que refletia seu olhar de paixão. Em um ritual que leva algum tempo, torna-se mais sensual do que o costume.
Decidida, e enquanto se apronta, pensa no que dizer a ele quando chegar. Ensaia algumas palavras, algumas frases prontas, mas sabia que nada disso funcionaria. Bastava apenas deixar fluir o sentimento, bastava ser ela mesma e deixar acontecer. Afinal, como o voo da borboleta, ela agia com leveza e encantamento, livre e suave, indo na direção que havia escolhido. Deixando-se levar ao sabor de uma leve brisa.
E assim, foi ao encontro dessa paixão deixando seus medos para trás, confiante em pousar no mais belo jardim de amores e apenas amar. Ao chegar, teve a certeza de que simplesmente precisava apenas deixar acontecer.
Ao tocar a campainha do apartamento, prende a respiração, dá um suspiro e aguarda ansiosa. A porta abre e ele assustado, em voz baixa sussurra seu nome:
- "Lígia?!"
- "Lígia?!"
Ela abre um sorriso e olha em seus olhos. O silêncio impera por um instante e esse mesmo olhar diz várias coisas ao mesmo tempo. Mas não era preciso dizer nada. Para ela era preciso apenas deixar se levar pela brisa que conduz as borboletas aos jardins, era preciso apenas leveza para conduzir a situação, já que partiu dela viver essa paixão.
- Não vai me convidar para entrar? - diz ela já com um sorriso mais esfuziante no rosto. Ele, ainda sem entender, simplesmente a abraça deixando-a sentir seu coração bater mais forte. Apenas pensava o quanto desejou esse momento, o quanto desejou que ela aparecesse para matar a saudade e viver essa paixão.
- Você está linda! - disse olhando seus olhos negros e brilhantes. Mais um instante se dá e eles apenas se abraçam. Ela exala o perfume que o inebria de desejo e ele com a respiração ofegante, sussurra palavras em seu ouvido. O mundo parece não existir.
- Eu guardei um vinho para...
- Não diga nada - interrompe ela - apenas deixe que o momento aconteça, diz olhando nos olhos dele.
- Não diga nada - interrompe ela - apenas deixe que o momento aconteça, diz olhando nos olhos dele.
E antes de abrir o vinho para celebrar o encontro, eles celebram a paixão que tanto haviam guardado. Ele mais ainda. Queria dizer o quanto sofreu com o sentimento que tanto lhe trouxe gastura, que tanto lhe fez perder noites de sono. Mas ela já havia tomado seus lábios, alternando beijos quentes e doces, entre sussurros e silêncio. Ela já havia deixado seu encanto anestesiar seus olhos e ele se viu envolvido pela brisa que a levou a esse jardim, voando pelo jardim da paixão.
- Eu te quero... - disse ela sem rodeios. E ele sem demora em suas ações, a tomou pelos braços como se dependesse dela para viver. Transformaram-se num só. Seus corpos se envolveram de forma avassaladora, apaixonados. O encontro havia se realizado, como ela havia definido, deixando acontecer. Mas ela quis que acontecesse, precisava vê-lo e curtir essa paixão. Não foi o vinho, nem mesmo a saudade dele que a fizeram alçar voo para seu jardim. Foi sua vontade de ser feliz.
É assim que acontece. Elas sempre voam quando querem, voam ao sabor do vento, na direção que escolhem e para onde lhes convém. Assim, desfrutam da paixão e do desejo. Do amor e da liberdade.
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